sexta-feira, 16 de maio de 2008

Fabula - Símios de Rapina

A selva é escura e fria. Apenas aqueles que não prestam atenção na vida tem o desprazer de pisar em tais domínios. Ninguém seguiria caminhos com tamanhos vícios ao ponto de chegar a tal lugar. As arvores tem os troncos escuros como o ébano, a folhagem é abundante, verde e escura como lodo. O chão é infestado de veneno, de forma que os fracos de vontade logo sucumbem ao desespero e a praga. O lugar não tem a atenção dos virtuosos de qualquer potencia por não guardar objetivo virtuoso de qualquer natureza. Em si é apenas uma selva, e após ela apenas o inferno e as garras do primeiro de todos os anjos. Virtuoso algum se importaria em levar a luz do Senhor a tão abandonado local a menos que quisesse afrontar o próprio Diabo. No entanto, os habitantes do inferno não pareciam interessados em colonizar tal selva, e permaneciam dentro dos portões do inferno. Apenas os animais desalmados habitavam a selva, como parasitas sem lugar no mundo que habitam qualquer lugar esquecido por todos os outros seres. Seres sem alma inúteis aos propósitos dos revoltados e indignos do olhar direto do Senhor. Salvo os desavisados que se perdiam na escuridão da selva e logo desapareciam em inútil desespero e os habitantes do inferno que transitavam entre este e a terra dos homens, era impossível que alguém encontrasse ali um ser mais digno de nota do que um desalmado. Nenhum homem, demônio ou anjo habitava a selva e nenhum pretendia voltar sua atenção para lá.

- Saia já daí – dizia um dos macacos enquanto todos pulavam histericamente, batiam pedras e paus no chão ou e berravam em direção ao interior da caverna. Seis macacos aguardavam na entrada da caverna e partilhavam o sentimento de rancor e ódio entre si. O mais velho, que liderava os outros 5 pela força e medo gritava e esbravejava para que o lobo que ali vivia saísse para enfrenta-los. Queriam tirar o lobo de lá, para lá dormirem a noite. O lobo, ainda era jovem, mas já estava cansado. Maldavor, um lobo jovem, de pelagem cinza, olhos castanhos. Suas patas eram finas como a fome, e seu corpo era trabalhado pela necessidade, mas sofrido pela escassez. Maldavor que estava acordado, porem relutava em levantar esperava pacientemente que fossem embora. Não queria lutar, não queria ter que lutar para não lutar também, não queria a luz, não queria a vida, e talvez se o houvessem deixado em paz, haveria dormido ali até não poder levantar mais. Na verdade se questionava o motivo de tanta algazarra. Por que não entrar simplesmente e se abrigarem em um canto mais afastado dele, ou dar-lhe a tão oferecida surra?! Por que ele tinha de sair da caverna para que os macacos durmam ou para apanhar? Talvez se houvessem surrado ele ali mesmo sem fazer perguntas e sem dar explicações, não ficaria tão irritado. Maldavor se levantou então, e foi para a entrada da caverna com a pálida esperança de que talvez apenas esperassem ele sair e ir embora.

Quando chegou lá, havia ficado claro qual seria a motivação para que eles trouxessem Maldavor para fora. Todos os o 5 macacos mais novos subiram nas arvores e começaram e se prepararam para arremessar pedras no lobo. O macaco mais velho esperava que Maldavor desse um passo em qualquer direção para atacá-lo. Maldavor sorriu e disse:

- Precisam mesmo de tudo isso para arranjar um lugar para dormir? – enquanto olhava o macaco mais velho que segurava firmemente um porrete de madeira. Antes que Maldavor pudesse se virar a esquerda para tomar o rumo que queria, o macaco avançou sobre ele em um salto, levantando sobre a cabeça o porrete. Maldavor sente o golpe do seu adversário, se coloca pronto para avançar, e é golpeado por 3 pedras volumosas arremessadas pelos outros 5 macacos. Mas antes que pudesse se recobrar das pedradas, é atingido novamente pelo mais velho, uma, duas, três vezes. Rapidamente Maldavor se levanta e sai correndo pela floresta, escutando o farfalhar das arvores atrás de seus perseguidores correndo em seu encontro. “Mas esses rapinantes não tiveram o bastante?” pensava consigo mesmo. Correndo pela floresta, Maldavor chega a beira de um barranco, ele freia bruscamente seus passos, procura possibilidades e pondera a respeito das que encontra. Mas é em vão. Antes que pudesse terminar de se virar para conferir o quão longe estavam os macacos, estes já haviam chegado perto o bastante para se precipitarem sobre Maldavor novamente. Antes que pudesse focar qualquer um deles em especial, o mais velho lhe acerta no rosto novamente. Maldavor sente seu corpo tombando morro a baixo. Os gritos do covarde bando de rapinantes ecoam no silencio da selva. Quando o corpo de Maldavor chega à parte mais baixa do morro, ele se vê deitado de bruços em um pequeno riacho. Tenta se levanta, mas logo suas pernas acusam estar demasiadamente fracas, e sua consciência abalada em muito. As patas fraquejam tremulas, e ele cai sobre sua barriga novamente, pisca duas vezes, e perde a consciência...


Diego C. B. - O Cavaleiro de Espadas

Um comentário:

Adriana Rodrigues disse...

# Tadinho do lobo. :\

# Fábula legal. Essa selva é mesmo uma sucursal do inferno (ou da Terra...). o_o

# Bjins!